Minhas perspectivas sobre a primeira carta que escrevi sobre você

Ao reler a primeira carta que fiz para você  por muitos motivos, um deles a minha própria libertação, eu percebi que eu escrevia como uma menina sedenta por um amor, não importa como fosse, correspondido ou não correspondido, danoso ou não danoso, de um menino ou de um homem. Ao decorrer dos textos ainda vou descobrir muitos outros aspectos que provavelmente não saberia se não tivesse passado por tantos processos e por ainda estar passando por alguns. 

O primeiro passo após ler é nunca deixar a menina apaixonada que escreveu aqueles textos morrer,

O segundo passo é perceber que a mulher que me tornei merece mais amor que qualquer outro ser que já passou pela minha vida e 

O terceiro passo nessa atual caminhada é não projetar as minhas ambições e meus desejos em outra pessoa pensando que a mesma entenderá ou acatará a todos os meus caprichos, mesmo eu merecendo eles - para alguém como eu falar isso também foi um processo. 

Não que seja capricho amar e ser amada, isso é o mínimo, mas com toda essa caminhada entendi ser necessário estar na mesma fase, é necessário ter o mesmo valor de entrega e acima de tudo entender o que é real ou imaginário, quando se trata de pessoas intensas como eu, é fácil se confundir entre esses dois.

No início, eu era uma menina apaixonada e agora sou uma mulher à procura 'de mais de mim', não que eu concorde com a forma que passei por isso, não acredito que foi depressão, mas passou bem próximo, a dor e sofrimento moldaram uma versão de mim que eu não gostava, uma pessoa que perdeu a fé, cheia de dúvidas e desconfianças, que a "melhor" coisa e/ou única coisa era se afastar e se isolar de tudo e todos, mas a pior parte foi me envolver com tantas coisas para fugir de mim… 

No meio disto, 'me tornei mulher', acredito que você não nasce mulher torna-se mulher, já dizia Simone de Beauvoir, mas em troca de que, com a decepção, a mágoa e o rancor de reviver o maior medo da minha vida em minhas veias, todos os dias durante um ano que carreguei em mim, teoricamente me amadureceram, entretanto, agora vejo que não foi de uma forma boa ou positiva, só me perdi de mim e até hoje estou me encontrando. 

Sendo que desde o início eu sabia que seria assim, que me rebaixaria para caber no mundo de alguém, que me mudaria completamente ao ponto de não saber quem eu sou, que me perderia tanto ao pensar que só seria completa ao lado "você sabe quem". Mais uma vez não segui minha intuição, nem se quer me ouvi, pois, estar ao lado de alguém era mais importante do que estar do meu lado. A verdade já fora escrita no texto não há terra 636 para nós. 

Para mim a parte que mais perdurou foi remorso e/ou a demora para o meu perdão, não se passava um dia em 2019 desde o final de janeiro para que não me lembrasse de cada sensação, de cada pedido, da dor e do medo. Passei meses em luta sem fim contra mim, contra meus pensamentos e meus 'sentimentos', com uma pergunta incessante em minha cabeça, COMO DEIXEI ISSO ACONTECER? Essa última parte demorou alguns anos para encontrar meu amor-próprio (03/10/2021) - gosto de frisar as datas para me lembrar de todo o processo, início, meio e fim, que só eu sei por onde passei e o quanto sofri. 

Agora no fim, revendo um pouco de tudo, o modo como eu coloquei minhas expectativas nele e depositei toda a minha fé, confiança e minha definição de amor na época. Uma projeção, eu já havia percebido tudo isso, mas só consegui colocar em palavras após ver um programa na Netflix - Casamento às Cegas - Brasil (história da Fernanda). Já havia escrito um texto neste mesmo sentido em a primeira carta que escrevi para você que digo me apaixonei pela versão que criei. A cada dia faz mais sentido nessa minha releitura do que escrevi. 

Acredito que uma parcela de culpa é minha de tudo isso ele também estava se conhecendo, também era um menino que estava se descobrindo como homem e um amigo, admito que queria vê-lo sofrer pelo que fez comigo, por me usar para suprir sua carência, mas ao vê-lo sofrendo não foi nada satisfatório, pelo simples fato que acima de gostar de 'você sabe quem' a amizade era mais importante. Entretanto, não o abstenho da culpa dele, pois esta atitude seria estúpida. Para mim, um período o culpei muito, depois se tornou a minha culpa, mas, no fundo, não era sobre culpa e sim sobre quem eu era e o que era amor para mim. 

27/10/2021

Comentários